Hoje em dia temos visto com mais frequência, publicações nas redes sociais sobre parto humanizado, e nem sempre conseguimos entender o que muda na prática e qual a diferença dos partos já conhecidos. Antes de tudo é importante esclarecer que na verdade o termo se aplica a assistência oferecida pela equipe de saúde durante o parto, não se trata de um tipo específico de parto ou via de nascimento.
É comum as pessoas fazerem associação deste termo com o ato de parir em casa, sem anestesia e na água. Entretanto humanizar a assistência ao parto significa respeitar o protagonismo da mulher, a fisiologia do parto, o tempo do trabalho de parto, os sentimentos da mulher e de toda a família envolvida com o nascimento daquele bebê, a saúde da mãe e do bebê em todos os momentos, pautado sempre na Medicina Baseada em Evidências (com condutas e procedimentos cujos benefícios sejam cientificamente comprovados). Isso vale para o parto em casa ou no hospital e para o parto vaginal ou uma cirurgia cesárea com real indicação.
Políticas Públicas como a Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde, o Projeto Parto Adequado da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), assim como uma série de iniciativas da sociedade civil organizada vem buscando disseminar informações e promover a assistência humanizada ao parto e nascimento, com o intuito de reivindicar a qualidade da assistência obstétrica e neonatal do país, e buscar a garantia dos direitos da mulher e da criança a uma assistência respeitosa e digna.
E por que de todo esse movimento? De acordo com o ministério da saúde, com 52% dos nascimentos feitos por cesarianas – enquanto o índice recomendado pela OMS é de até 15% -, o Brasil é o país recordista desse tipo de parto no mundo. Na rede privada, o índice sobe para 82%, chegando a mais de 90% em algumas maternidades. A intervenção deixou de ser um recurso para salvar vidas e passou, na prática, a ser regra. A cesárea quando não é bem indicada, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Aliado a isso está o fato da assistência ao parto vaginal ter se tornado muito invasiva e agressiva. Frequentemente, são utilizados procedimentos sem embasamento científico, como o corte da vagina (a episiotomia), a ocitocina artificial para acelerar o parto e manobras dolorosas para empurrar o bebê, transformando o cenário do parto e nascimento em um momento de sofrimento. Reforçam, assim, representações sociais do parto como uma doença e o corpo feminino como incapaz.
Se você pretende ter filhos e/ou está gestando informe-se! Procure fontes confiáveis e experiências positivas em torno do parto. Procure profissionais que defendam e acreditem no mesmo que você. Elabore um Plano de Parto! Para exigir os seus direitos você precisa estar bem informada e emponderada. Aqui na Usisaúde você poderá encontrar mais informações e trocar experiências com outras gestantes e casais no Projeto Gerar.
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